quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Cadeiras-auto viradas para trás

Porque considero este assunto de extrema importância...


"As crianças não são adultos em miniatura e têm características específicas, que as tornam mais vulneráveis num acidente de automóvel!

A diferença mais determinante é o tamanho e peso da cabeça – que representa cerca de 25% do peso do corpo – combinada com um pescoço ainda frágil. Estas características levam a que, ao transportarmos uma criança no automóvel de frente para o trânsito, o movimento da cabeça possa provocar lesões muito graves e por vezes irreversíveis, no caso de um acidente. Se a criança viajar numa cadeirinha (Sistema de Retenção para Crianças) de costas para o trânsito, a sua cabeça e pescoço são apoiados uniformemente no momento do embate.

É por esta razão que a APSI recomenda que as crianças viajem no automóvel de costas para o sentido do trânsito até cerca dos 3 ou 4 anos. Esta recomendação é também suportada pela Aliança Europeia de Segurança Infantil e pela ANEC, European Voice of Consumers in Standardization, associação europeia de consumidores. Também a Direcção Geral da Saúde defende o transporte de crianças de costas desde o nascimento até aos 3 ou 4 anos, tendo publicado uma Orientação Técnica sobre esta matéria.

Embora só recentemente seja possível encontrar à venda em Portugal modelos de cadeiras que permitem transportar as crianças de costas até esta idade, existem países (como a Suécia, por exemplo) em que a maior parte das crianças viaja de costas até aos 3 aos 4 anos; nestes países, a mortalidade como passageiro nestas faixas etárias é praticamente inexistente, o que demonstra que esta é uma opção eficaz na protecção das crianças.

Mas porquê transportar as crianças de costas até aos 3 ou 4 anos?

Análise de acidentes reais

Ao longo dos últimos 40 anos têm sido realizados estudos baseados em acidentes reais, em diferentes países. Todos estes estudos mostram que é mais seguro transportar uma criança na posição VT (Virado para Trás), demonstrando que a eficácia destes sistemas ultrapassa os 90% na prevenção de lesões graves (Aldman et al., 1987, citada por EEVC, 2006; Isaksson-Hellman et al., 1997 e 2004; Sherwood, Yasmina et al., 2006; Henary, Sherwood e outros, 2007; ANEC, 2008).

Estes estudos, nos quais se analisaram ao detalhe acidentes com crianças que viajavam VT, confirmaram também que nenhum destes acidentes, e consequentes lesões, decorreu de uma colisão lateral ou traseira. Viajar VT é, portanto, a protecção mais eficaz nos embates frontais, mas também confere uma protecção elevada nas colisões laterais e traseiras (Aldman et al., 1987, citada por EEVC, 2006, Henary, Sherwood e outros, 2007, Sherwood, Yasmina et al., 2006).

Ensaios experimentais

Mais recentemente, estudos feitos através de ensaios experimentais (testes de colisão e simulação numérica) vêm reforçar os resultados obtidos através da análise de acidentes reais, que a posição virada para trás é a forma mais segura de transportar uma criança no automóvel, uma vez que as forças exercidas no pescoço e peito são consideravelmente menores do que as exercidas nas crianças VF (Viradas para a Frente), reduzindo substancialmente as lesões (Watson e Monteiro, 2009).

Dificuldades encontradas e forma de as solucionar

Apesar de esta ser a forma mais segura de transportar as crianças até aos 3 ou 4 anos, muitas famílias deparam-se com obstáculos para os quais é importante encontrar soluções

a. Desconforto da criança por falta de espaço para as pernas – as cadeiras homologadas VT até aos 18kg ou 25kg, pelo seu desenho e forma como são instaladas no veículo, aumentam o espaço entre a criança e o banco do automóvel, ficando a criança com espaço suficiente para as pernas;
b. Visibilidade e interactividade – é possível colocar um espelho (tipo espelho retrovisor) perto da criança orientado de forma que o adulto possa, através do retrovisor, vê-la; além disso, e caso o carro não tenha airbag frontal activo, a cadeirinha VT poderá ser instalada ao lado do condutor (como prevê o código da estrada)
c. Falta de espaço para instalação da cadeirinha VT – a prática de terreno da APSI de instalação de cadeirinhas nos carros das famílias mostra que, mesmo em carros pequenos, é possível instalar cadeiras aprovadas até aos 18Kg e 25Kg VT; tudo depende do carro, sendo que a lista de veículos compatíveis é elevada, como se pode constatar pelas informações que acompanham estas cadeirinhas. É fundamental experimentar a cadeira no carro antes de a comprar, para garantir que há espaço suficiente para a instalar de acordo com as instruções do fabricante.

Para saber mais sobre este assunto:

Porque transportar as crianças de costas no automóvel

Orientação Técnica da Direcção Geral de Saúde


Outras entidades que defendem o transporte VT:

ANEC, European consumer voice in standardisation

European Child Safety Alliance

Rear Facing – The way forward

American Academy of Pediatrics


NOVO ESTUDO REALÇA CONTRADIÇÃO FATAL
                                                      
Lei na Europa e em Portugal não exige a melhor protecção para crianças com menos de 4 anos

Press Release
Segurança Rodoviária - Criança Passageiro


Novo estudo confirma que no automóvel, as crianças devem viajar voltadas para trás até aos 4 anos, para terem uma melhor protecção em caso de acidente. Há muito que tal é defendido pela comunidade técnica internacional. Mas essa evidência foi mais uma vez confirmada num estudo publicado esta semana pela ANEC  – Associação Europeia de Consumidores – no qual a APSI participou enquanto conselheira. A conclusão teve como base o estudo de acidentes reais ocorridos no Reino Unido, Suécia e Estados Unidos. (Pode consultar o estudo integral em www.anec.eu).

“A legislação europeia dá informação de alguma forma enganosa para o consumidor, pois dá a ideia de que tanto faz transportar a criança voltada para trás ou para a frente depois dos 9 kg (geralmente 8 a 9 meses), quando a comunidade técnica internacional é unânime na afirmação de que é mais seguro viajar virado para trás até aos 4 anos”, alerta Helena Cardoso de Menezes, consultora em segurança infantil da APSI e também da ANEC neste Estudo."

Texto retirado de www.apsi.org.pt


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